Alfama

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Limpeza da Cidade de Lisboa

Segundo uma noticia on line a C.M. Lisboa pretende fazer uma limpeza em zonas da cidade de Lisboa “O plano de limpeza de passeios, que conta com a colaboração da Unilever, abrange várias zonas da cidade, entre as quais a Baixa-Chiado, Mouraria, Alfama, Príncipe Real, São Bento, Rato, Amoreiras, 24 de Julho, Campo de Ourique, Saldanha, Praça de Londres, Benfica, as estações do Cais do Sodré e de Santa Apolónia, os terminais de transportes do Campo Grande e de Sete Rios e sete estações de metro.”
No entanto, e no que concerne a Alfama, basta andar pelo bairro para preceber que não basta uma limpeza das pedras da calçada para dar mais condições ao bairro. Não digo que a limpeza não seja bem vinda. Mas só não chega.
Num bairro onde há mais de 20 anos se criou uma associação de protecção da população e património do bairro (APPA – Associação da População e Património de Alfama) com o lema Reabilitação ou Morte. Onde ao longo das inúmeras eleições é prometida a conclusão da mesma para o bairro. Onde foi criado um gabinete técnico de Alfama que hoje, para variar, já tem o nome de Unidade de Projectos de Alfama e sem qualquer poderes sobre as obras do bairro. Onde as obras do bairro obrigam a emigrar os habitantes do bairro para vários quilómetros de distância e durante décadas. Onde o aluguer das casas onde a C. M. Lisboa alojou estas pessoas obriga a um dispêndio de recursos de uma câmara financeiramente falida. Pois as rendas pagas pelas novas casas não se comparam às rendas originais, sendo a C.M. Lisboa a pagar a diferença. Tais situações não serão disfarçadas pela limpeza das ruas. O que interessa para um habitante ver a calçada limpa se não existem caixotes do lixo para colocar o mesmo? Para quê a limpeza das ruas se não pode utilizar uma assoalhada da sua pequena casa com medo de ir parar ao vizinho de baixo? Para quê isto se muitos prédios necessitam de obras e nada é feito?
Penso que falta prioridades reais à C.M. Lisboa. Não se pode "tapar o sol com a peneira" e não serão as pessoas que vem visitar as ruas ao fim de semana ou comprar na Baixa-Chiado ou em Alfama que vão votar nas próximas eleições. São os habitantes e é nestes que as prioridades devem ser colocadas. Desde logo, com a limpeza financeira da C. M. Lisboa e com a descentralização de poderes, para os órgãos que já existem, como a Unidade de Projectos de Alfama que estando situada no bairro e tendo conhecimento dos problemas do mesmo é mais capaz de resolver os problemas deste do que qualquer vereador que visitou Alfama durante a campanha eleitoral.

Obras em Alfama

Noticia do Expresso do dia 10 de Novembro de 2007

"Nas vésperas da eleição para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa garantiu que, caso fosse eleito, esticaria ao limite as finanças da autarquia de forma a arranjar 6,8 milhões de euros para desbloquear 18 empreitadas que se encontravam suspensas por falta de pagamento. Cem dias passados só arrancaram três obras e outras quatro avançam nos próximos dias. Onze continuarão paradas por falência do empreiteiro ou rescisão dos contratos, o que exige a abertura de novos concursos públicos.
Até ao momento foi recomeçada a reabilitação do Jardim de S. Pedro de Alcântara que estará pronto em Fevereiro de 2008, a construção de uma residência para idosos em Campolide e a requalificação dos postos de limpeza na Rua Filipe da Mata (Rego). Segunda-feira a Edifer retoma uma das maiores e mais antigas obras de Alfama, na Rua de S. Pedro, que desde há cinco anos vive na penumbra e inactividade - as peixeiras mudaram-se - devido aos tapumes. Nas imediações, o edifício municipal do Beco do Azinhal entrará em acabamentos nos próximos dias. Mais acima, no Castelo, a câmara já regularizou os pagamentos à construtora Soares da Costa e os trabalhadores regressam em breve à Rua do Recolhimento. A empreitada da Rua de São Bento, junto à Assembleia da República, tem o reinício marcado para 15 de Novembro.
Uma dívida da Câmara Municipal de Lisboa de 1,5 milhões de euros levou à falência da construtora Pavia e à consequente impossibilidade de reiniciar cinco empreitadas: a reconstrução da Rua Damasceno Monteiro (Anjos) e da Alameda da Linha de Torres (Lumiar), o prolongamento da Rua Gonçalo Mendes da Maia (Pedrouços), a conservação e reconstrução de arruamentos e passeios na cidade e trabalhos diversos de recarga de pavimentos. No lote dos irrecuperáveis estão também os trabalhos na Rua de Macau (Anjos).
Em Alfama há igualmente três empreitadas, todas incluídas no Projecto Integrado do Chafariz de Dentro, que não serão retomadas nos próximos tempos: a reabilitação no Beco do Espírito Santo, na Rua de São Miguel/Beco das Barrelas e na Rua Norberto Araújo. Este último, orçado em 5,6 milhões de euros tem um efeito visual especialmente marcante, afectando a vista do miradouro de Santa Luzia: em vez de rio e casario vêem-se chapas de zinco. Por fim, na Mouraria, a obra de conservação de vários edifícios continuará parada."
Sobre isto tenho a seguinte opinião:
Existem, em Lisboa e em Alfama, concretamente, obras paradas há vários anos que colocaram os habitantes dos bairros em locais distantes, Sendo um acréscimo de despesas para a Câmara Municipal de Lisboa, que paga a diferença das rendas pagas pelos arrendatários no momento que foram deslocadas e a renda que os actuais senhorios exigem.
Não são só estas as obras, supra referidas, que existem em Alfama. Desde logo as obras na Rua da Adiça, na Rua Norberto Araújo, com descobertas arqueológicas que poderão impedir de alguma habitantes de voltar. Das obras no Largo do Chafariz de Dentro que pela enézima vez foi descoberto resquícios da Muralha Fernandina que o IPPAR mandou suspender as obras e onde a falta de comunicação dos serviços da câmara faz espantar o mais sensato dos munícipes. Como pode a C.M. Lisboa não ter conhecimento da existência da Muralha se foi o município que colocou calçada diferente para mostrar onde passa a muralha?
Coisas estranhas que só nos podem surpreender.

Visita a Alfama com colegas


Prédio restaurado em Alfama


Rua de S. Pedro (Largo do Chafariz de dentro) e as suas esplanadas.

Alfama e a sua Igreja de Santo Estevão



Largo e Miradouro das Portas do Sol



Casa mais antiga da cidade de Lisboa




Pátio do Carrasco




Arqueologia ou reabilitação – alternativa ou duas faces da mesma moeda?

Em Alfama sabemos que a reabilitação do bairro começada há mais de 15 anos e muito longe do fim é algo importante e que deve ser um esforço de todos. Mesmo para a C. M. Lisboa, que tem dezenas de obras paradas no bairro e que impede que as pessoas possam viver nas suas casas. Sendo mandadas para outros bairros da cidade por vários anos que, muitas vezes, passam da década. Existindo um desprender das raízes das pessoas ao bairro.
Alfama é um bairro histórico, com casas muito antigas, com falta de espaço, luz natural, já para não falar de estacionamento, elevador, vidros duplos, etc.
No entanto, existe desde á mais de 15 anos uma reabilitação no bairro que, teoricamente vem manter a fisionomia do bairro e impedir o despovoamento e quedas dos prédios.
Mas, quando se faz obras em prédios, descobre-se historia por debaixo dos mesmo prédio.
Exemplo disso é o prédio na Rua Norberto Araújo, nº 29 que está para reabilitação há mais de uma dezena de anos. Ao tentarem reabilitar foi descoberto por detrás do prédio, parte da muralha antiga, ou moura, e uma torre posterior que ainda não se sabe de que data. Tal situação deve-se ao facto de que não é possível saber a data em que as pedras da torre foram feitas. Assim, só com especulação podemos alcançar a verdade.
No entanto, sendo uma torre moura em fase tardia, ou uma torre posterior à tomada da cidade pelos cristãos, não deixa de ser uma descoberta importante que deve ser mostrada ao publico. Mas cria uma situação que deve ser ressalvada. As pessoas que viviam no prédio querem voltar para o mesmo. E a isso têm direito. Como resolver esta situação.
Não deve a C. M. Lisboa proteger o património do país e ao mesmo tempo proteger a propriedade privada e dar os direitos a quem deles é merecedor?
Tais situações acrescidos ao facto de que a falta de dinheiro impede a que se chegue a uma solução rápida e justa, vem criar questões que não são de fácil resposta.
Por mim considero que dentro do possível deve-se preservar o património, com a ressalva que não pode o bairro transformar-se num museu. Mas num bairro habitacional onde vida e património sejam duas faces da mesma moeda chamada Alfama.
Se pretenderem saber as dificuldade da arqueologia no bairro de Alfama sigam este link.

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