Li no Diário de Noticias a celebração por centenas de estrangeiros e portugueses da Páscoa Ortodoxa em Alfama. Alfama e Portugal sempre teve uma história onde os povos e as culturas se unem e se juntam. Sempre teve uma cultura de mixenização e união entre os povos. De tolerância e compreensão de culturas. Apesar de a arquitectura de Alfama ser fechada e virada para dentro sempre houve no bairro o espírito oposto.Fico contente quando isso ainda acontece neste mundo e país tão intolerante.
De lembrar que dentro de pouco tempo vai-se realizar a II Maratona Fotográfica de Alfama sobodinado ao tema "Alfama ponto de encontro".
Esta é a noticia:
"Mais de 500 ortodoxos de vários países celebraram até de madrugada
Em Alfama, na igreja russa mais ocidental da Euroásia, a celebração da Páscoa ortodoxa recriou, na noite de sábado para domingo, uma espécie de união soviética das almas.
Em Alfama, na igreja russa mais ocidental da Euroásia, a celebração da Páscoa ortodoxa recriou, na noite de sábado para domingo, uma espécie de união soviética das almas.
Umas cinco centenas de russos, mas também moldavos, ucranianos, sérvios e imigrantes de outros países do ex-bloco de Leste, juntaram-se em harmonia na Rua do Jardim do Tabaco, em Lisboa, para comemorar a ressurreição de Cristo, partilhando provavelmente a celebração pascoal mais quente do continente europeu.
Até perto das 5 horas da madrugada.O termómetro marcava 23 graus pouco antes das 23 horas quando, no interior da singela igreja do Patriarcado de Moscovo, a azáfama dos últimos preparativos convivia com a placidez das senhoras sentadas com lenços coloridos enrolados à cabeça, um traje obrigatório para as mulheres. Os fiéis, em constante corropío, transportando cestas de comida, tinham de tomar cuidado para não tropeçar num berbequim e num martelo, enquanto ainda havia quem, empoleirado num escadote, vestisse de papel de prata duas vigas de ferro à entrada da igreja.
Lá fora, junto à porta, o sacerdote Arsérnio absolvia, com grande informalidade, os pecados de alguns fiéis. Este ano o sacerdote teve menos trabalho. No ano passado foram quase cinco mil as pessoas que ali acorreram para a celebração. A comunidade de imigrantes cristãos ortodoxos em Portugal está a encolher, apertada pelo desemprego e pela deprimida economia que teima em não crescer tanto quanto devia.Nada que perturbe demasiado Dumitru, um moldavo de 44 anos, que trabalha na empresa de enchidos Sicasal, e está em Portugal há seis anos. "Muitos moldavos estão a sair para outros países, como Inglaterra e Irlanda, mas aqui está-se bem, tudo normal", diz num sorriso optimista. A confiança é pelo menos suficiente para ter mandado vir a mulher, Parascovia, que cá está há seis meses. De lenço à cabeça, Parascovia segura algumas velas na mão - que acenderá mais tarde quando sair a procissão para dar a volta ao quarteirão - , e faz questão de falar, num português muito incipiente, das tradições que unem todos os que ali estão. Como a do jejum de seis semanas, de carne e leite, que antecede a Páscoa e a dos ovos cozidos pintados, que são levados para serem benzidos e que deverão dar sorte durante um ano. Parascovia ainda não se conforma, contudo, com a decisão tomada em 1582 pela Igreja Romana de adoptar o calendário Gregoriano, elaborado pelo Papa Gregório XIII, que ditou a celebração da Páscoa numa data diferente.
"Era mais bonito ser tudo no mesmo dia", disse.Enquanto a missa decorria, com a maior parte da assistência sem lugar dentro da igreja, as irmãs moldavas Natalia, 22 anos, e Cristina Navin, de 15, aguardavam cá fora. A família Navin representa mais um exemplo de que, se é verdade que muitos imigrantes estão a sair, muitos continuam ainda a chegar a Portugal. Num Português irrepreensível, aprendido há apenas quatro anos, dizem que agora Portugal é a sua pátria, pois vários membros da família, num total de 29, já estão todos cá.Para desespero da PSP - com a missão de interromper o trânsito - a procissão só saiu pelas ruas Alfama já perto da meia-noite, feita de velas acesas e de um longo e sereno cântico, que nem o latir de um cachorro pouco ortoxo foi capaz de perturbar. A celebração continuou com a bênção das cestas de comida e um concerto pascal das crianças da Comunidade de Todos os Santos. Estava mais do que aberto o apetite para o banquete, às 04.00 da manhã."
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