Alfama

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Recuperação do Palácio de Coculim


Foi reprovada pela Câmara Municipal de Lisboa o projecto de "recuperação" do Palácio dos Condes de Coculim, que já foi referido neste blog.
Chamar recuperação a este tipo de intervenção só pode ser considerada brincadeira. Não considero recuperação, manter as fachadas e acrescentar um outro edifício, completamente diferente e moderno que parece que brotou feito vulcão das entranhas do antigo.
O Arquitecto que o desenhou não dá valor ao edifício antigo, nem ao novo.
Mas talvez seja apenas a força do poder do dinheiro dos proprietário a querer a todo o custo um Hotel de 5 estrelas rentável, com o maior numero de quartos.
Mas a questão de se fazer um edifício com mais pisos que o já existente coloca outra questão. Não terão os edifícios situados nas traseiras deste um direito, chamado de direito a vistas. Não terão os habitantes dos edifícios nas traseiras direito a que seja mantida a vista sobre o rio que sempre tiveram. Pois se assim não for poderá ser no futuro edificado um prédio frente ao Rio que tape toda a vista do Palácio dos Condes de Coculim. Talvez ai os proprietário do referido Hotel a ser contruído no palácio não achem justo ou legal.
No entanto e por enquanto foi chumbado o presente projecto. Graças também à luta de Bernardo Ferreira de Carvalho, Diogo Moura, Carlos Leite de Sousa, João Chambers, Júlio Amorim, Miguel Atanásio Carvalho, Nuno Caiado, Paulo Ferrero e Virgílio Marques que escreveram esta carta à CML.
"Exmo. Sr. Presidente da Câmara,
Exmo. Sr. Vereador do Urbanismo,
Foi agendado por V.Exas, para aprovação em reunião de CML da próxima 4ªF o projecto 33/URB2006, que diz respeito ao loteamento/emparcelamento/demolição/ ampliação e construção do denominado 'Hotel do Cais de Santarém', no antigo Palácio dos Condes de Coculim, abrangendo 5 edifícios localizados, entre outras, na Rua do Cais de Santarém, Nº 40-66, Rua do Arco de Jesus, Nº 2-10 e Rua de São João da Praça, Nº 23-29 e 59-63. Nada temos a opor quanto à ideia de transformar aquele imenso quarteirão em hotel de 5*****, que poderá ser uma mais valia em termos de revitalização da zona e reabilitação do edificado, apenas consideramos que o projecto em causa é, do ponto de vista urbanístico, uma aberração em termos de volumetria (quadruplica a volumetria quando, em termos de PDM, só se permite naquela zona uma duplicação dos índices) e estética (quebrando-se, de forma radical, o equilíbrio estético e urbanístico daquela zona histórica de Lisboa, onde, por sinal, a CML afirma ter preocupações renovadas, vide SRU-Baixa-Chiado etc. ).
Assim, ao que conhecemos, o projecto em causa consiste em construir uma estrutura moderna, tipo 'bunker', com 4 pisos, em cima dos antigos armazéns e do que resta do palácio dos Condes de Coculim, alterando profundamente as vistas de quem está por detrás, ou seja, desde São João da Praça, Sé, etc., mas também desde a Rua do Cais de Santarém e do rio. Visualmente, é um mono. Também nas traseiras, na Rua de São João da Praça, se procede à alteração completa da esquina da rua, junto à igreja de S.João da Praça, zona calma, de baixa volumetria e também fazendo parte do conjunto Sé-Alfama, destruindo mais uma vez o equilíbrio urbanístico local, sendo que não será de somenos o impacte a nível do tráfego automóvel referente ao futuro abastecimento do hotel. Por isso, apelamos a V. Exas. que recusem este projecto tal como está, devolvendo-o ao promotor a fim de o redimensionar, salvaguardando o equilíbrio urbanístico daquela zona sensível de Lisboa, e as características estéticas da mesma, e respeitando, obviamente o PDM em vigor.
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

7 comentários:

Tiago R. disse...

Pois...
Fica sempre falar-se do que não se sabe.
Conheço pessoalmente o arquitecto (e tu também) que me falou do estudo que foi feito em relação à protecção do sistema de vistas.

É pena que essas imagens estejam a preto e branco e não deixem ver a qualidade do projecto, que é quase invisível na paisagem. E, creio, está muito bem feito.

Irá gerar emprego, dinamismo e recuperar uma zona do bairro que está degradada. É verdade que é um hotel, mas aquele prédio nunca foi de utilização colectiva...

Helder Gomes da Silva disse...

Não parece que um edificio que tem mais quatro pisos que o actual seja "invisivel. Mesmo a preto e branco não parece maior do que irá ficar. Acresce que se é por gerar emprego, dinamismo e recuperar uma zona do bairro que está degradada seja resposta para tudo. Sendo assim, também o centro comercial que a APL queria colocar na frente ribeirinha também ia criara emprego. Não parece teu ser economicista. Mas tudo na vida muda.
Acresce que posso falar do que sei, conforme vou sabendo. Se apenas se pode falar quando temos todas as informações, ninguém falava de nada.

Tiago R. disse...

Desculpa...
Estava um bocado resmunga...

Fiquei decepcionado com o chumbo do projecto.

Raul disse...

O que está em causa não é o nome do arquitecto. O que está em causa é a recuperação de um prédio numa zona histórica de Lisboa. Mas o que prevalece sempre neste desgraçado país é o dinheiro, sempre o dinheiro. Vão dar a volta à questão, vão arranjar maneira de levar a deles àvante. É quase inacreditável que isto continue a repetir-se impunemente ao longo dos anos nesta Lisboa. Estamos entregues aos arquitontos, aos empreiteiros e construtores civis corruptos e incultos, aos políticos corruptose incultos, a leis que protegem o prevaricador e punem a vítima. Quando começaremos a ver na cadeia, com julgamentos justos e rápidos, aqueles que cometam crimes contra o nosso património? NUNCA.

Raul Nobre disse...

O que está em causa não é o nome do arquitecto. O que está em causa é a recuperação de um prédio numa zona histórica de Lisboa. Mas o que prevalece sempre neste desgraçado país é o dinheiro, sempre o dinheiro. Vão dar a volta à questão, vão arranjar maneira de levar a deles àvante. É quase inacreditável que isto continue a repetir-se impunemente ao longo dos anos nesta Lisboa. Estamos entregues aos arquitontos, aos empreiteiros e construtores civis corruptos e incultos, aos políticos corruptose incultos, a leis que protegem o prevaricador e punem a vítima. Quando começaremos a ver na cadeia, com julgamentos justos e rápidos, aqueles que cometam crimes contra o nosso património? NUNCA.

Raul Nobre disse...

O que está em causa não é o nome do arquitecto. O que está em causa é a recuperação de um prédio numa zona histórica de Lisboa. Mas o que prevalece sempre neste desgraçado país é o dinheiro, sempre o dinheiro. Vão dar a volta à questão, vão arranjar maneira de levar a deles àvante. É quase inacreditável que isto continue a repetir-se impunemente ao longo dos anos nesta Lisboa. Estamos entregues aos arquitontos, aos empreiteiros e construtores civis corruptos e incultos, aos políticos corruptose incultos, a leis que protegem o prevaricador e punem a vítima. Quando começaremos a ver na cadeia, com julgamentos justos e rápidos, aqueles que cometam crimes contra o nosso património? NUNCA.

Unknown disse...

Estão, neste preciso momento, bombeiros a retirarem azulejos da fachada do palácio porque estes estão, supostamente, na iminência de caírem. Até aí percebo.
O que não percebo é porque é que esses mesmo azulejos que saem facilmente interos da parede estão a ser mandados para o chão desde o 1º andar. Estão-se a partir em cacos, obviamente.
Liguei imediatamente para o IGESPAR, uma telefonista de nome Margarette disse-me que ia dar seguimento ao assunto. Estou para ver.

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