Alfama

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Porta de água


João Luis Carrilho da Graça venceu o concurso público internacional e impôs o seu projecto a nomes de grande prestígio na arquitectura mundial como Zaha Hadid ou Aires Mateusprojectos: Terminal de cruzeiros.
Lisboa vai ter um Terminal de Cruzeiros com projecto de João Luis Carrilho da Graça, que venceu o concurso público internacional e impôs o seu projecto a nomes como Zaha Hadid ou Aires Mateus.
Situado na zona de Santa Apolónia, o projecto de Carrilho da Graça procura ser um mediador entre a cidade e o rio. Ou, conforme o próprio explica no texto-síntese do projecto, "a criação do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa oferece uma oportunidade rara de repensar e questionar a relação vivencial e urbana entre a cidade de Lisboa e o rio Tejo, alvo de inúmeras propostas ao longo dos séculos, uma consequência da importância desta relação na caracterização e desenvolvimento de uma cidade que assume a sua vocação portuária natural"
No seguimento deste pensamento, o arquitecto dá igual importância ao edifício construído - que alberga o programa do terminal de navios - e aos espaços exteriores adjacentes. E propõe um edifício volumetricamente compacto , que liberta o espaço envolvente, "reclamando-o para o uso público, oferecendo à cidade e aos bairros adjacentes um espaço verde de referência, com capacidade de comportar diferentes actividades", explica. Esta solução de transição entre as vivências do rio, edificado e parque apresenta ainda valências do ponto de vista urbano e paisagístico, explicadas por Carrilho da Graça : "A escala contida do edifício aproxima-o da escala urbana, enquanto o espaço libertado garante a distância necessária para contemplação da encosta de Alfama, marcada pelo skyline do Mosteiro de São Vicente de Fora e do Panteão Nacional, que se conforma como um anfiteatro em torno do porto."
Aparentando uma jangada e assumindo-se como uma nova porta da cidade, "o edifício preconiza uma solução simples e compacta, com grande racionalização dos meios e sistemas utilizados, aliada a um uso do espaço flexível". Qual pavilhão multiusos, o edifício responde exemplarmente às necessidades dos navios e mareantes, albergando espaços de check in, espera, cafetarias e lojas . Mas também propõe novos usos em complemento à sazonalidade da ocupação do terminal - com maior pressão nos meses quentes -, como espaços expositivos, destinados a eventos como ciclos de moda e cinema , feiras e mercados.
Esta versatilidade é acentuada pelos espaços imaginados por Carrilho da Graça: no interior, domina um grande hall de entrada, assumidamente cénico graças ao pé-direito duplo e lanternim oval. No exterior, a pele construída é dominada por um percurso/promenade que envolve o edifício, permitindo a descoberta lenta da envolvente - enquanto se percorrem os vários alçados - e que culmina na cobertura do edifício, "que ganha características de palco, relacionando-se com o rio sem qualquer tipo de obstáculos, como uma praça elevada".
Mais perto da cidade, o parque urbano/verde evoca os boulevards que ao longo dos tempos foram propostos para Lisboa, como aconteceu nos séculos XVIII, XIX e XX pelas mãos de Carlos Mardel e Thomé de Gamond, entre outros. Do ponto de vista formal, este espaço "organiza-se como um eco da doca, definido por elementos que se dispõem paralelamente aos seus limites longitudinais, como as longas fileiras de árvores ou passeios".
Entre a cidade e o rio, e permeável a ambos, o futuro Terminal de Cruzeiros será um ponto notável na cidade e marca o regresso de Lisboa à sua vocação marítima. Através da arquitectura de Carrilho da Graça, "a relação visual rio/cidade ganha tanta importância como a da cidade/rio, encontrando-se o parque e o edifício na transição, coexistindo e potenciando-se mutuamente".

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