Um dos maratonistas da 1ª Maratona Fotográfica Digital de Alfama mandou uma critica em relação à mesma. Deve ser lida e pensada, mais uma vez obrigado pela critica e obrigado a todos os que participaram, produziram e realizaram.
"Maratona da Fotografia Digital de Alfama."
"A APPA – Associação do Património e da População de Alfama é uma instituição criada para isso mesmo, para a defesa e dinamização das gentes e das coisas daquele bairro histórico de Lisboa. Liderada por gente jovem, uns naturais do bairro e outros, novos residentes, mas amantes do acervo humano e patrimonial daquele emaranhado de vielas, pátios, escadinhas e recantos indeléveis, daquele traçado urbano, a APPA decidiu, em boa hora, lançar-se na meritória tarefa de reconquistar os laços de Alfama com a sua população e também com todos aqueles que a querem melhor conhecer, elegendo as pessoas, as pedras e as cores de Alfama, como um processo de revitalização daquele local tão típico de Lisboa.
Esta Maratona da Fotografia Digital de Alfama foi o mote para fazer percorrer a sua urbe por dezenas de fotógrafos amadores e apaixonados, em percursos mais ou menos sugeridos, dando-lhes oportunidade para pintarem um painel colectivo, colorido e afectivo de Alfama. O concurso que lhe está adjacente, terá sido apenas um atractivo, mais um, porque o essencial mesmo, foi o passeio, o contacto com aquela realidade aqui mesmo à mão de semear, para residentes e visitantes que, por um dia inteiro, mais de doze horas, se propuseram explorar todos os recantos possíveis do bairro, olhar de outra forma a complexidade surpreendente daquele traçado e sentir o povo que ali vive há gerações e também aperceber-se da nova realidade dos jovens que entretanto ali se fixaram, movidos por uma irreverente e sadia fome de repovoar um espaço que começava a correr o risco de se despovoar ou envelhecer mais do que as pedras e memórias do seu património secular.
Foi uma jornada revigorante, compensadora e saudável. O descobrir de cada esquina, o calcorrear de vielas e desdobramentos intermináveis de becos e escadinhas, de largos e pequenos terraços floridos pelo verde de árvores sem idade e o multicolor de vasos e canteiros, o cruzar os olhos e a conversa com personagens vivas daquele cenário típico e ao mesmo tempo real. As subidas e descidas, a irregularidade intrigante do desfiar de curvas, um desenho tão casuístico e ao mesmo tempo tão óbvio, que tem a ver como a forma desordenada e caótica do espaço urbano conquistado pelas necessidades das gentes e da urgência de se vencer o acidentado do terreno. Tudo isto, num dia solarengo, preenchido por sons e odores muito ao ritmo dos santos populares. Uma sardinha assada em cada esquina, um mar de manjericos polvilhados pela calçada, as cores e desenhos das fitas penduradas entre varandas, lampiões e portais de pedra centenária, tudo disposto num cenário ideal para a festa da fotografia e da criatividade de cada participante.
E as pessoas. Os rostos e as poses duma vida e não do momento de cada imagem. As crianças. Os animais, os gestos, o som daquela cor esfuziante de vida agarrada àqueles espaços de gerações ali criadas. A disponibilidade de cada pessoa, sempre receptiva a um retrato. Mais um e sempre o mesmo captar das rugas, de corpos ali sentados, qual estátuas vivas e serenas do imenso quadro ali criado, desde há séculos. Alfama virada ao Tejo, com o castelo nas suas costas e encostas, redescobrindo-se em cada nova esquina e preservando o sentido das coisas simples e complexas, como são as vidas das pessoas, os seus universos, os seus usos e costumes e a sua crença na eternidade dos espaços que os ajudaram a crescer.
A APPA está de parabéns! Assim se preserva a memória e se projecta o futuro, mesmo daquilo que se pensa ser velho. Assim se partilha o espaço que a todos deve pertencer e se responsabilizam os outros pelo respeito que nos devem merecer os sinais e as realidades que recebemos dos nossos antepassados. Tudo pertence a todos e a cada um compete estar reconhecido pelo que as gerações passadas nos legaram. Respeitar e manter vivos espaços como este, é um dever de todos e que não compete só aos residentes, mas a todos. Porque tudo é de todos e todos somos de toda a parte, cidadãos da identidade local, regional ou global a que pertencemos."
Foi uma jornada revigorante, compensadora e saudável. O descobrir de cada esquina, o calcorrear de vielas e desdobramentos intermináveis de becos e escadinhas, de largos e pequenos terraços floridos pelo verde de árvores sem idade e o multicolor de vasos e canteiros, o cruzar os olhos e a conversa com personagens vivas daquele cenário típico e ao mesmo tempo real. As subidas e descidas, a irregularidade intrigante do desfiar de curvas, um desenho tão casuístico e ao mesmo tempo tão óbvio, que tem a ver como a forma desordenada e caótica do espaço urbano conquistado pelas necessidades das gentes e da urgência de se vencer o acidentado do terreno. Tudo isto, num dia solarengo, preenchido por sons e odores muito ao ritmo dos santos populares. Uma sardinha assada em cada esquina, um mar de manjericos polvilhados pela calçada, as cores e desenhos das fitas penduradas entre varandas, lampiões e portais de pedra centenária, tudo disposto num cenário ideal para a festa da fotografia e da criatividade de cada participante.
E as pessoas. Os rostos e as poses duma vida e não do momento de cada imagem. As crianças. Os animais, os gestos, o som daquela cor esfuziante de vida agarrada àqueles espaços de gerações ali criadas. A disponibilidade de cada pessoa, sempre receptiva a um retrato. Mais um e sempre o mesmo captar das rugas, de corpos ali sentados, qual estátuas vivas e serenas do imenso quadro ali criado, desde há séculos. Alfama virada ao Tejo, com o castelo nas suas costas e encostas, redescobrindo-se em cada nova esquina e preservando o sentido das coisas simples e complexas, como são as vidas das pessoas, os seus universos, os seus usos e costumes e a sua crença na eternidade dos espaços que os ajudaram a crescer.
A APPA está de parabéns! Assim se preserva a memória e se projecta o futuro, mesmo daquilo que se pensa ser velho. Assim se partilha o espaço que a todos deve pertencer e se responsabilizam os outros pelo respeito que nos devem merecer os sinais e as realidades que recebemos dos nossos antepassados. Tudo pertence a todos e a cada um compete estar reconhecido pelo que as gerações passadas nos legaram. Respeitar e manter vivos espaços como este, é um dever de todos e que não compete só aos residentes, mas a todos. Porque tudo é de todos e todos somos de toda a parte, cidadãos da identidade local, regional ou global a que pertencemos."
Ernani Balsa
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