
Alfama

Proposta para a Doca do Jardim do Tabaco

Os Bexigas - Conto baseado em factos reais
Quando entrei no restaurante a curiosidade, algo “genético” de quem é de Alfama, chamado de cusquice pelos de fora, fez-me perguntar quem tinha morrido.
“O Bexigas” – disse a minha mãe.
-“Caiu pelas escadas quando estava a subir. Andava sempre bêbado. Era o desgosto. Enterrou duas mulheres, um filho e os dois que cá andam, tu sabes”.
E sabia. Os Bexigas é daquelas famílias que quem a conheceu ao início nunca podia pensar que iriam terminar assim. É o fado de Alfama.
A família não tinha o nome de Bexigas. Na realidade nunca soube o nome de família. Eram os Bexigas por causa da doença que o pai tinha – Bexigas. Tais nomes são típicos de Alfama – existem os das gravatas, os pipis, os do barracão, etc. Títulos de um bairro do povo.
O pai casou a primeira vez e teve dois filhos. Eram os filhos da mamã. Gémeos. A mãe nunca os deixava sozinhos. Eu era pequeno, mas lembro-me de ver aquela mãe a passear na rua de S. Pedro com os dois meninos pela mão. Eram considerados os meninos mais bem comportados de Alfama. Grandes esperanças tinha aquela mãe nas suas crias. O pai tinha deixado a educação para a mãe. Resquícios da “outra senhora”. O pai trabalhava na estiva e era essa a sua função para a estabilidade da casa. A mulher tinha a função dos filhos e da casa e segundo consta muito bem. Conforme dizem os mexicanos “os alicerces da casa não é o chão mas a mulher”.
No entanto o fado de Alfama voltou a falar. Um cancro veio abalar os alicerces da família, senão mesmo destruí-los. Os meninos ficaram órfãos de mãe, quando a sua educação não estava minimamente completa. Ficaram desamparados, sem mãe, com um pai presente mas ausente. Num bairro onde a droga entrava facilmente, onde a falta de esclarecimento e o prazer inicial que estas davam, esquecendo todos os males do mundo, fizeram muitos cair em tentação.
A desgraça apoderou-se da mente frágil do Bexigas. O álcool era como que um escape para a desgraça que tinha de enfrentar diariamente. Como iria ele tomar conta da família? Como iria ele fazer a função que nunca soube? Como poderia ele ser os alicerces da casa se ele próprio baseavasse na mulher? Como?
Sem reparar deixou os dois filhos desamparados andavam na rua mas sem a mão da mãe, andavam desejosos que alguém lhes desse a mão. E nessa altura quem aparece não é a pessoa mais indicada. Amigos, que dizem ter a solução para a tristeza, que lhes prometem o céu, mas que lhes dão o inferno.
Passado algum tempo casou novamente e teve outro filho. Mas vida nunca mais foi igual. Não sei se por desgosto, se por infelicidade ou se por fado. O álcool passou a fazer parte da vida. Da dele e da nova mulher. Os filhos mais velhos foram como que deixados ao vento. Não sei por culpa de quem, de todos, ou se houve mesmo culpa, senão do fado. A droga entrou na família pelas mãos dos irmãos mais velhos. Lembro-me de vê-los caídos nas ruas de Alfama. Os filhos da mamã estavam perdidos. Nunca mais foram capazes de fugir a este vício. E a droga trouxe todos os outros problemas. Já foram presos inúmeras vezes, são mal vistos no bairro, e quando estão soltos não conseguem arranjar emprego. Mas nunca os ouvi serem mal-educados, resquícios da educação da mãe, que continuava a soar naquelas cabeças.
Quanto à segunda mulher faleceu há cerca de 2 anos com uma cirrose. O fado da família continuo a mandar na família.
Mas não é da família Bexigas que vos quero falar, mas do filho mais novo, o Paulo. Esse, eu conheci desde menino. Jogámos futebol, falámos de namoradas, andámos á porrada por razões estúpidas. No fundo, crescemos juntos. Em 2007 faria cerca de 29 anos se fosse vivo. Era um miúdo inteligente, bonito, traquina, magro, que me vencia, sempre a jogar xadrez. Mas aquela mente não parava. Podia ser alguém na vida, mas o fado não o deixou. Vivia numa casa destroçada – Por um pai que vivia no passado, por uma mãe que por nunca se sentir ser os alicerces, desligou-se dos mais velhos (que nunca os considerou dela) e não deu atenção ao mais novo. Se quisesse não estudava, nem ia às aulas. Muitas vezes nem a casa ia para comer. E nunca ninguém se preocupou. Cresceu com a ideia de uma vida fácil. E foi essa vida fácil o seu fado.
Sem estudos, os empregos não prestavam e eram mal pagos. Sem família para o orientar. Num passo caiu na tentação do dinheiro fácil – a prostituição. Queria o que via nos outros e não podia ter. Conforme me disse um dia “se não tivesse visto riquezas, não me importava de ser pobre”. Conforme dizia o povo – Ganhava dinheiro só por baixar as calças.
Mas o povo esquece-se o que isso faz à cabeça dos rapazes. Aquilo por que passaram, por que passam, o que fazem para ter aquele dinheiro “fácil”, tem de ser esquecido. Nada melhor do que a droga para ajudar a ter este dinheiro “fácil”.
Não sei se pela droga se por ter relações desprotegidas (soube que essas são mais bem pagas) o destino pregou-lhe novas partidas – o HIV/SIDA.
Não sei quando a apanhou, mas lembro-me ver aquele rapaz onde a inteligência o tinha colocado assim, a beleza tinha desaparecido, a traquinice tinha-se desvanecido, mas magro, magro como nunca. Ninguém lhe dava 24 anos. A vida fácil foi muito desgastante e tinha tornado velho e doente um rapaz jovem.
O Paulo Bexigas nunca foi piloto de aviões da força aérea, seu sonho de criança, nunca casou com uma mulher loira e bonita, nunca teve uma casa em Cascais. No final nunca teve vida.
O fado de Alfama ganhou mais uma vez. No fim ficou-me a lembrança deste jovem que no futuro ninguém se vai lembrar, onde os sonhos escorreram pelas mãos como areia fina, onde os sonhos se tornaram pesadelos e a vida fácil tornou-se num inferno.
A morte do pai Bexigas veio colocar fim à sua vida desgraçada. Duma vida talhada na pedra para a felicidade mas que uma falha veio estragá-la.
Fados de Alfama.
Panteão Nacional e Obras de Santa Engracia

O templo, mostra um desenho encurvado dos braços da cruz grega, formando absides que se articulam com o pano murário rectilíneo dos torreões e criam um efeito espacial único, tirando partido da parede-ondulante, tal como as igrejas e palácios romanos e parisienses do século XVII. O portal mostra quatro colunas espiraladas de pedra rósea, com capitéis compósitos e remate de baixo-relevo com a padroeira.
À morte de João Antunes a igreja estava longe de acabada, sendo as obras dirigidas por Manuel do Couto (que cerra a abóbada central) e Santos Pacheco, com intervenções do cônsul-arquitecto Antoine Duverger, até sofrer os efeitos do terramoto. Tais vicissitudes levaram a que as obras só fossem acabadas em meados do século XX (já como Panteão Nacional, criado em 1916), pelos arquitectos da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (Raul Lino, Lyster Franco), sem término das torres e com adjacência de uma abóbada com lanternim, demasiado desproporcionada para a sólida estrutura espacial definida no projecto barroco de Antunes. Mesmo com tais adições, que os atrasos impuseram, houve respeito pela traça aprovada no concurso de 1683, deixando incólume a novidade estrutural daquela que é a primeira igreja portuguesa verdadeiramente barroca
Esta Igreja foi construída no local de uma outra antiga igreja paroquial e construído em honra de Santa Engrácia . Como as alterações e as construções que sofreu ao longo dos tempos, estas obras converteram-se na expressão popular daquilo que não tem fim.
A lenda referente a esta Igreja está ligada a um jovem que foi condenado à fogueira pela Inquisição a 3 de Fevereiro de 1631. Junto destas tão conhecidas obras existia o Convento de Santa Clara e diz-se que uma freira se enamorou por um jovem de seu nome Simão Pires Solis. Tão grande era o amor deles que todas as noites o rapaz vinha ter ao convento para se encontrar ás escondidas com a amada. Uma noite, o Sacrário com as hóstias foi roubado do convento e, embora estivesse inocente, Simão Solis foi denunciado pela vizinhança à Inquisição. Simão foi condenado à fogueira sem pena nem piedade. Quando ia a caminho do seu destino e ao passar pelas obras da Igreja de Santa Engrácia disse: “Morro inocente! É tão certo eu estar inocente como é certo que aquelas obras nunca se acabem!” Desde então ( século XVII) que as obras de Santa Engrácia se tornaram difíceis de terminar. Quando estavam quase concluídas as obras, a cúpula ruiu, dificuldades técnicas impediram o retorno das obras. Após o terramoto de 1755 tentou-se novamente a sua reconstrução mas só no século XX é que as obras se deram por terminadas fazendo-se uma cobertura metálica.
No entanto elas terminaram, mas como demoraram muito ficamos sem saber se era inocente ou não. Lendas da nossa cidade.

Arco escuro

Para alguns autores este lugar seria o antigo postigo da rua das Canastras, aberto na muralha depois da reconquista, e que serviria mais para serventia do que para defesa.
Para outros autores dizem que neste lugar terá existido a Porta do Mar, pois por ali entrava o mar aquando da maré-cheia.
Um facto é indesmentível, depois da reconquista e com o desenvolvimento da cidade as portas tornaram-se inúteis, mudaram-se em arcos. Passou-se da porta medieva para o arco, de fins guerreiros para fins pacíficos e urbanos. O crescimento da cidade e a conquista da cidade ao Rio Tejo, veio tornar a muralha prejudicial ao movimento da cidade com o rio.
Sabemos pela carta do Cruzado Osberto de Bawdsey que o último assalto à cidade se fez a partir desta zona, e a cidade foi conquistada ao fim de 17 angustiosas semanas.


Trienal de Arquitectira e o Museu de Teatro Romano


Mais uma vez, a tecnologia construtiva joga aqui um papel de grande importância pois, sendo ela uma das matérias em que a arqueologia se debruça é também ela que virá afirmar e diferenciar os elementos que esta proposta desenha. É esta linha sinuosa de contacto entre o “aparelho” de pedra que constrói o sistema pedonal e os vestígios construídos que lhe servem de base que se constituirá como chave para a leitura e entendimento do Lugar, do Teatro Romano, do passar do Tempo.
O que disse o júri:
A proposta que basicamente propõe retirar a cobertura das ruínas do teatro Romano de Lisboa tem o mérito de defender uma integração das mesmas no tecido urbano da cidade contemporânea reclamando o seu uso quotidiano e contrário a uma ideia de património arquitectónico musealizado ao ponto de se tornar inútil.
Contributo para uma reflexão:
Se um museu é, por definição, um espaço de democracia no que respeita ao acesso à arte e à cultura, conceber um espaço-museu é abri-lo à vivência pública e torná-lo, ele mesmo, em espaço vivo e vivido. É esse o repto da proposta de Ana Maria Ribeiro Lopes e Tiago Mestre, que fazem abrir à cidade as ruínas do teatro Romano de Lisboa. No seu desenho, fazem coexistir novos acessos pedonais com o conjunto museológico, integrando apontamentos funcionais que permitam dotar o espaço de um percurso próximo e uma experiência mais íntima."
Administração do Porto de Lisboa - relatório do Tribunal de Contas
A razão para tal conclusão é a seguinte:
Em primeiro lugar uma divida, provocada pelas três administrações do porto de Lisboa, entre 2002 e 2006, no valor de 20 milhões de Euros.
Em segundo lugar a APL (empresa publica) não consegue cobrar da Lisboagaz (empresa publica) e da Refer (empresa Publica) uma divida global de 940 mil Euros. Estranho estando a falar de dívidas de várias empresa publicas para outras empresas publicas.
Em terceiro lugar, a APL não sabe aquilo que gere, nem temo levantamento topográfico das zonas concessionadas. O que vem mostrar que esta empresa não tem organização para poder concessionar zonas que nem sabe se lhe pertencem. Faltando segundo o tribunal de contas cobrar cerca de 5 milhões de Euros referentes a taxas de áreas concessionadas.
Em quarto lugar, o Estado ainda não estipulou a compensação, muito menos pagou, a desvinculação de espaços afectos à Expo 98. Não tendo a APL feito nada para que o valor fosse estipulado e pago.
Em quinto lugar, considera ruinosa para a APL (e para Lisboa –considero eu) a afectação dos terrenos junto ao Cais do Sodré para duas agências europeias. Ficando o ónus de construção para a APL, no valor total de 32,3 Milhões de Euros.
Em ultimo lugar, uma empresa com tantas dividas, não compreende o Tribunal de Contas e os cidadãos, como poder ter afectado 800 mil Euros para a compra de viaturas para a administração de quadros superiores.
É esta empresa que diz pretender rejuvenescer a zona ribeirinha, não ceder a interesses imobiliários e criar uma zona aprazível?
Muitas duvidas me deixa a noticia publicada. Penso que tudo o que se fizer na zona ribeirinha devia ser apresentado aos lisboetas para poderem discutir e aprovar o que a classe politica decide. Já estamos fartos de aceitar as obras efectuadas como facto consumado. Já oiço os lisboetas a criticarem o que se passa no Cais do Sodré mas a dizerem que o Estado manda e nada podemos fazer.
Acontece que as pessoas esquecem que o estado somos todos. O estado existe porque os contribuintes existem. Os políticos existem porque cidadão votantes existem. As coisas existem porque nós deixamos e não criticamos. Não utilizamos o nosso direito de criticar, falar das coisas, de nos manifestar. Estamos dentro do nosso casulo e nada achamos que podemos fazer. Por isso é que os políticos acham que podem fazer tudo e quem não está na politica critica e tem inveja de não estar naquele lugar. Esquecendo todos que a politica é uma palavra de origem grega que quer dizer actividades relativas à polis (ou sociedade). A politica não é fazer o que se quer mas trabalhar para a polis, para a sociedade – Algo que todos se esqueceram.
Feira de Ladra Alternativa

Quem quiser contribuir para esta iniciativa, basta levar para o evento livros usados, novos,antigos,recentes,....assim ajuda e renova as prateleiras lá de casa!!!!
A "Ladralternativa" juntamente com a "Aprender África" agradecem.
MORADORES SUSPIRAM POR ALFAMA DE "ANTIGAMENTE"

Lisboa/Eleições: Costa (PS) quer bloquear projectos de construção da Administração do Porto de Lisboa

"O Porto de Lisboa não pode ser uma Câmara Municipal sombra e tem de ser posto no seu devido lugar", declarou António Costa no final de um passeio de barco pelo rio Tejo, em que participaram vários empresários do sector do turismo.
No seu discurso, o candidato do PS a presidente da Câmara de Lisboa criticou duramente os projectos da Administração do Porto de Lisboa no sentido de construir um centro comercial na zona de Santa Apolónia e um centro de congressos nos terrenos da Docapesca.
António Costa afirmou que tem de ser mudada a relação com entre a autarquia e a Administração do Porto de Lisboa, cabendo a esta última entidade "fazer aquilo que sabe fazer, que é a actividade portuária".
Na perspectiva do candidato socialista, tanto a construção do centro comercial, como do centro de congressos, "são duas iniciativas mal pensadas e próprias de quem não sabe o que é gerir a cidade".
"É um erro o Porto de Lisboa pretender fazer um centro de congresso quando a Associação Industrial Portuguesa já tem um projecto idêntico. Por outro lado, não aproveitar o novo terminal de cruzeiros próximo do Terreiro do Paço para revitalizar a baixa, fazendo antes um centro comercial para concorrer com a baixa, é também um erro", sustentou.
Segundo Costa, o Porto de Lisboa "deve dedicar-se à actividade de mercadorias e de passageiros e a Câmara deve dedicar-se a planear e a gerir a cidade".
"A partir do momento em que a Câmara tiver autoridade política, estou certo que o Porto de Lisboa vai ser posto no seu lugar, devolvendo à autarquia as competências que não pode continuar a desempenhar", acrescentou.
Numa acção de campanha em que estiveram presentes o presidente do Instituto de Turismo de Portugal, Luís Patrão, o presidente da Parque Expo, Rolando Borges Martins, e vários empresários do sector do turismo (casos de André Jordan, António Trindade, Jorge Rebelo de Almeida e Alexandre Almeida), o candidato do PS apontou três prioridades para o sector do turístico da capital.
Em primeiro lugar, Costa defendeu que a Câmara tem de "articular estratégias" com outras entidades ao nível regional, com o Estado e investidores.
"A Câmara tem de adoptar um programa de simplificação administrativa (o Simplis), de forma a agilizar e racionalizar a análise dos processos", adiantou.
Como terceira prioridade imediata, o candidato socialista prometeu apostar "na qualidade do espaço público -pequenas coisas que são indispensáveis à imagem da cidade".
"Podemos ter muitos hotéis de cinco estrelas, mas se a cidade não estiver cuidada nunca terá imagem de qualidade", sustentou."
Àguas de Alfama

Especulação imobiliária temida na zona ribeirinha
- "passar para a gestão camarária as áreas da zona ribeirinha do Tejo, não significa preservar essas zonas, mas receamos antes pelo contrário, abri-los à voragem da especulação imobiliária" - Estranho, se pensarmos que aquilo que o plano da APL para o Jardim do tabaco, tendo dinheiro a fundo perdido a 40% da União Europeia, não vai, segundo as contas do próprio APL, custar nada ao erário publico. Tal indica que vai vender ou arrendar o espaço a quem pagar mais. Isto penso que é especulação imobiliária. Tanto mais que se pretende fazer um hotel e um centro comercial.
- "Acrescentam que se esta zona está hoje razoavelmente preservada foi exactamente porque se impediram excessos aos apetites camarários" - Basta olhar para a Praça do Comércio, Cais do Sodré, jardim do Tabaco, para vermos que nada está preservado. Por outro lado, não considero não fazer nada nos outros sítios como preservação mas sim abandono.
- Por ultimo, tenho medo que criem uma nova Expo na zona central e ocidental da cidade. cada vez mais se torna difícil viver na zona do Parque das Nações. Existindo apenas nos 10 metros junto ao rio algum espaço para passear. Deixou-se a especulação imobiliária tomar conta do sitio. Não existindo casas de valor justo, mas de valor para estratos da população que se arrependeram de ali comprar casa.
EMEL - não existe juridicamente?

Um dia a casa vem abaixo. Tragédia que facilmente acontece quando as fundações que a sustentam estão presas na atmosfera. Ora, tais noções básicas de construção civil não deviam apanhar de surpresa o actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carmona Rodrigues, dada a sua recente – ainda que efémera – passagem pelo ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação.
Mas enquanto o autarca, ao melhor estilo do seu antecessor, Santana Lopes, avança perante os gravadores dos jornalistas com a intenção de alargar as competências dos fiscais da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL), a fim de estes poderem multarem os veículos infractores mesmo fora das áreas reservadas aos parquímetros, a AutoMotor tem algo a sugerir-lhe, muito modestamente, como alvo prioritário das suas atenções: é que, segundo apurámos, e revelamos em primeira mão nestas páginas, a EMEL não tem quaisquer bases legais. Nem estrutura que a sustente do ponto de vista jurídico. E, tal como um prédio degradado, poderá estar à beira de ruir pelos alicerces.
Onde pára a escritura? A nossa revista sabe ainda mais... Precisamente ao mesmo tempo que o leitor estiver a ler estas páginas, estará quase concluído um processo interposto pela Associação de Defesa do Condutor (ADEC), e conduzido pelo advogado Nuno Ribeiro, que dará muitas dores de cabeça a Carmona Rodrigues e ao vereador do Trânsito, António Monteiro – que acumula com o cargo de presidente da EMEL.
A acção, que obrigou este jurista a dois meses de trabalho aturado e exclusivo, nasceu quase por acaso, quando, a propósito de uma pequena notícia da RTP, relacionada com um reboque alegadamente indevido, se chegava à conclusão de que ninguém na EMEL sabia da existência e até da obrigatoriedade de uma escritura pública na génese da empresa.
O episódio ficou-lhe na retina. E as investigações confirmaram não haver ninguém que respondesse por semelhante documento – da parte da administração da EMEL também não houve qualquer resposta às várias perguntas colocadas pela AutoMotor sobre o assunto.
Qual a gravidade desta lacuna? “É que a EMEL, simplesmente, não existe sem ela”, afirma Nuno Ribeiro, explicando ainda que, “até 1998, não havia lei das empresas municipais, por isso, estas eram constituídas por escritura pública ou por decreto”. A partir de 1998, “apenas por escritura pública poderiam ser criadas empresas municipais”, conforme consta no Artigo 5º da Lei 58/98 de 18 de Agosto (alínea 1), publicado em Diário da República (DR). “Algo que não aconteceu”, enfatiza o advogado.
Significa isto que não bastava aos responsáveis escrever no site da empresa que a EMEL “foi criada”. Não. “A informação que a própria EMEL disponibiliza é que foi constituída por deliberação da assembleia, sob proposta da CML”, diz o jurista.
Enquanto a primeira ilegalidade é uma questão de forma, a segunda é de substância. Vejamos o argumento da acusação: “Em termos muito simples, aquilo que a EMEL faz é arrendar uma parcela da via pública. A pessoa paga para lá deixar a viatura algum tempo. Isto traduz-se na figura de um contrato de arrendamento. Só que as vias são do domínio público, propriedade do Estado, e, como tal, não podem ser objecto de quaisquer negócios: não podem ser vendidas, arrendadas, compradas... Todos os juristas sabem que qualquer coisa que esteja fora do comércio não pode ser objecto de negócios jurídicos. E é isso que a EMEL faz: arrenda-nos algo que não pode arrendar. Isto é algo que se aprende no primeiro ano do curso de Direito”.
Bloqueamento desproporcional
Consoante vamos privando com a acção elaborada pela ADEC, mais a EMEL parece não ter chão nem tecto. Partindo do princípio de que tudo isto estava bem – “e já vimos que não está”, reafirma o advogado – a actividade desta empresa viola dois direitos constitucionais: o da igualdade e o da personalidade. “Suponhamos que eu sou utente da EMEL, em Lisboa, e tenho de pagar uma determinada quantia. Mas se for utente de outra empresa do mesmo género, já pago menos. E até se dá o caricato de, na mesma rua, de um lado do passeio haver parquímetros e do outro não. Há aqui um direito de Igualdade que é ferido! E, no fundo, quem é obrigado a pagar? A pessoa que não tem alternativas eficazes aos transportes públicos ou que não tem dinheiro para pagar o estacionamento numa garagem. Isto é inconstitucional”, defende.
O segundo atropelo constitucional, relacionado com a personalidade, prende-se com o facto de o bloqueamento e subsequente reboque dos veículos ser “manifestamente desproporcional”. Só porque não se paga uma determinada quantia – que nem sequer devia ser paga –, a pessoa fica privada do seu automóvel por um período de tempo. Isto viola o Artigo 193º do Código de Processo Penal, quando este diz que “deve ser aplicada a sanção menos grave que seja proporcional à situação”. Que é justamente aquilo que não acontece aqui. “É muito exagerado que, por não se pagar 27 cêntimos, se possa ficar privado do carro. E ter ainda de pagar mais 60 euros e outros 30 euros no processo judicial. É absurdamente desequilibrante”, adianta Nuno Ribeiro à nossa revista.
Poderíamos ainda mencionar os métodos de pagamento. Porque não dão as máquinas troco e algumas vão ao ponto de cobrar 27 cêntimos por meia hora, não aceitando moedas de dois cêntimos, o que equivale a um roubo de dois cêntimos (assunto já abordado pela AutoMotor)? Ou porque motivo obrigam os utentes a ter PMB ou moedas trocadas? “A legalidade é também aqui muito duvidosa. Todos os meios de pagamento em circulação deveriam dar, até o cheque. Algo que acontece no estacionamento subterrâneo. Não pode ser obrigatório ter moedas ou PMB, principalmente quando não dão troco”, defende.

Nuno José Ribeiro é um nome que a administração da EMEL não deverá esquecer nos próximos anos. Talvez nunca o venha a conseguir, se este advogado, de 34 anos, levar de vencida este megaprocesso, como acredita piamente, que ameaça fazer ruir pelas bases uma das mais “odiadas” empresas municipais. Até porque esta, segundo afiança, “nunca existiu”, à letra da lei. Preparado para lutar por um processo que poderá demorar entre cinco e seis anos, caso chegue até ao Supremo Tribunal Administrativo, Nuno Ribeiro reclama, enquanto mandatário da ADEC, tão somente o reconhecimento da inexistência jurídica da EMEL, e, por consequência, o desfazer de todos os negócios jurídicos da empresa, assegurando que nenhuma outra EMEL possa, no futuro, explorar as vias de circulação e as nossas ruas. Isto e ainda o extorno devido aos milhares de utentes, alusivo aos últimos 10 anos de actividade ilegal. A AutoMotor deu-se ao trabalho e, com a ajuda de uma calculadora, facilmente concluiu que, na última década, só em tickets dos parquímetros terá gasto indevidamente perto de 8000 euros, a uma média diária de três euros. A estes valores terão de adicionar-se as centenas de multas, os reboques, o troco que não é dado pelas máquinas, bem como um cálculo relativo ao tempo de produtividade perdido à procura da moeda.
Na essência, como resume o jurista, uma vez provada em sede própria a nulidade da EMEL, os utentes terão direito a ver-se ressarcidos por tudo isto, pois “andaram a sustentar uma empresa inexistente”. E não se pense que o simples facto de a data da “pseudo-criação” ser de há 10 anos poderá, eventualmente, ditar a prescrição do processo. “Quando estamos face a uma situação de nulidade jurídica, as consequências patrimoniais dessa situação não prescrevem”.
Resta agora esperar que a acção dê entrada no tribunal, que o juiz seja constituído, bem como encontrado o número do processo, a fim de ser publicado em DR – nessa altura, e dado tratar-se de uma acção popular administrativa, será também editada, noutras publicações (ditas normais), o anúncio, dando conhecimento ao público dos contornos do processo, a fim de possibilitar aos eventuais interessados o exercício do seu direito de auto-exclusão. Direito de que o autor desta peça abdicará, já que será o primeiro a juntar o nome à acção judicial, para contar, em tempo útil, a continuação desta longa história que começa nestas páginas e acabará na barra do tribunal."
Alfama
ai a saudade de te ver sozinha,
nas grandes escadas e pátios perdidos
e gritar - Alfama, alma minha.
do teu cheiro tenho saudades,
das tua musicas, das tuas vivências,
da minha vida em outras idades,
onde tudo era repleto de inocências.
Ao longo de séculos sobreviveste.
Tentaram-te matar mas não conseguiram.
Feriram-te, curaram-te e assim sobreviveste.
Marcada pelas agruras da vida,
No fado choras o que te fizeram,
sendo esta a tua única lida.
Memórias

Tenho saudade das crianças que brincavam no largo das ratas. Os campeonatos que se faziam naquele largo (largo das alcaçarias). Tenho saudades das crianças que brincavam ao jogo do elástico.
Tenho saudade de nunca estar sozinho. De todas as pessoas me conhecerem pelo nome. Da cusquice da vizinha, que tinha de saber com quem eu namorava. Tenho saudade dos abraços e beijos das varinas que me deixavam coberto de escamas. Tenho saudade de tratar os vizinhos como família, pois entre nós existia um relacionamento mais forte do que o de sangue.
Tenho saudades do bairro que nunca se calava, das zangas dos vizinhos que logo de seguida eram esquecidas.
Tenho saudades deste bairro. Mas já diz o povo recordar é viver e portanto a minha Alfama de antigamente continua viva no meu coração.
Problemas de estacionamento em Alfama
"EXMA. MESA DA ASSEMBLEIA
EXMAS. SENHORAS E EXMOS. SENHORES PRESIDENTES DE JUNTA
E DEMAIS ELEITOS
Somos moradores do bairro de Alfama, mais concretamente da Freguesia de Santo Estêvão, e vimos colocar a V. Ex.ªs alguns considerandos do que tem sido estes quase quatro anos de trânsito e estacionamento condicionado, imposto pelo Regulamento Específico da Zona de Estacionamento de Duração Limitada de Alfama.
Há cerca de 4 anos que o trânsito no Bairro de Alfama está sujeito a regras. Desde aí foi implementado um regulamento para condicionar o trânsito e o estacionamento nas ruas do Bairro.
Esse regulamento considera, entre outras coisas, trazer inegáveis benefícios para todos os moradores, nomeadamente:
· a segurança dos moradores, que veriam melhorada a circulação de viaturas de emergência;
· a circulação dentro do bairro, reduzindo bastante os bloqueios causados por carros mal estacionados;
· a facilidade para o estacionamento dos moradores, ao afastar do interior do bairro muitas viaturas de visitantes e outros, apesar de os lugares existentes não serem suficientes para os automóveis dos moradores, e por isso existirem sempre dificuldades;
· a melhoria do ambiente e da qualidade de vida de todos os moradores.
No entanto o que se verifica é que:
· a segurança dos moradores passou para segundo plano, pois continua a verificar-se dificuldade na circulação das viaturas de emergência e da própria PSP;
· continua a ser caótica a circulação nas ruas do bairro, pois ruas há em que existindo dois sentidos só consegue circular uma viatura de cada vez;
· a dificuldade dos moradores em estacionar continua a verificar-se, pois grande parte das viaturas estacionadas não têm dístico de autorização para o fazerem;
· o ignorar de todos os pedidos de reuniões e esclarecimentos, feitos pelos moradores e pela Junta de Freguesia de Santo Estêvão, por parte da administração da EMEL;
· depois de todos estes contratempos, a qualidade de vida de quem mora no bairro não melhorou, pois continuamos a ter que dar voltas e voltas ao bairro para conseguir estacionar.
Assim, consideramos fundamental para o bem-estar da população do bairro de Alfama o que a seguir enunciamos:
1. A execução plena do Regulamento aprovado em sessão de Câmara;
2. A fiscalização, por parte dos funcionários da EMEL ou da Polícia Municipal, das viaturas mal estacionadas, estacionadas há vários meses ou sem dístico de autorização para entrarem dentro dos limites do bairro, à semelhança do que é feito em outras zonas da cidade;
3. Fazer com que o Regulamento não seja aplicado de forma arbitrária consoante o funcionário de serviço, para que as regras sejam uniformes, ou seja, não haver dois pesos e duas medidas para permitir ou proibir as entradas no bairro;
4. Sinalizar nos acessos ao bairro a localização dos parques de estacionamento alternativos.
Para terminar:
Passados quase quatro anos da entrada em vigor da Zona de Estacionamento e Trânsito Condicionado no bairro de Alfama, os moradores sentem-se completamente – e sublinho completamente – abandonados pela Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa.
Lisboa, 15 de Maio de 2007"
Obviamente que os moradores de Alfama se sentem enganado pela EMEL que, prometendo o céu, lhes dá o inferno.
Cais do Jardim do Tabaco III
Não é ainda mais antagónico?
Mas esperemos que não seja mais um dos projectos que a população não pode dizer nada e que seja apresentado como projecto final.
É por isso que Portugal é conhecido como o país exemplo em como não usar o dinheiro da União Europeia. Eles até já têm um dossier sobre nós que entregam aos estados que aderem à união. Nisso somos os primeiros.
Eleições Autarquicas II
Mas, curiosamente o vencedor deste dia eleitoral não foi o PS ou do Dr. António Costa, foi algo muito maior que venceu as eleições por larga maioria absoluta. A abstenção.
A abstenção venceu as eleições por 62,61% das pessoas inscritas. Apenas 37,39% dos votantes foram exercer o seu direito de voto. Tal situação vem revelar graves problemas:
Em primeiro lugar e olhando para a participação das pessoas nas eleições é de que o povo não acredita nas eleições.
Que a necessidade, destas eleições em particular, não foram compreendidas pela população.
Que, os políticos e os novos grupos de cidadãos independentes, não têm uma linguagem para a população, para os problemas desta.
Tais conclusões vêm criar outras conclusões:
1. Em primeiro lugar, tendo esta democracia só 33 anos, é muito desagradável que a população já não se interesse em ser parte da resolução dos problemas.
E ser parte dos problemas, não é só votar. E não poderá ser só criticar nos cafés ou em conversas com os amigos. É participar em reuniões onde os problemas do seu bairro, da sua rua podem ser discutidos. Por exemplo, nas assembleias de freguesia – onde no final de cada uma é dada voz à população. E para tal não poderá ser só criticar os membros da junta ou da assembleia. É necessário ter ideias para podermos todos resolver o problema.
2. Em segundo lugar, a população achou que as eleições foram feitas porque uns senhores não conseguiram manter o poder e outros (iguais) conseguiram marcar eleições. Sendo assim, porque é que a população tem de ser metida nisto. Porque é que me vou chatear em ter o meu domingo para ir perder uns minutos a votar? – Foi este o pensamento da população. Tal vem revelar, por um lado, como a população acha que são os políticos. Por outro lado, o interesse que a vida politica tem para estes. É necessário que os políticos mudem de discurso e entrem em contacto pessoal com as pessoas. Que cada pessoa saiba qual o politico que elegeu e que possa pedir contas a este. Sistema uninominal –Não sei? Precisamos de pensar. Se eu soubesse que politico elegi e visse que ele não cumpria o programa politico, da próxima vez votava noutro.
3. Os políticos continuam a ter uma linguagem anterior às eleições e outra posterior. Mas em Portugal tudo é considerado normal. Vejam o que aconteceu a um presidente dos Estados Unidos da América que prometeu: “Reed my lips – No more taxes” (George Bush) – Nas próximas eleições não foi eleito. Ou a um pais da antiga “cortina de ferro” onde o primeiro-ministro disse numa conversa gravada que “Fizemos merda, não um bocado, mas muita. Ninguém na Europa fez disparates semelhantes [nas contas públicas]. É evidente que mentimos ao longo dos últimos 18 meses", diz Gyurcsány, na gravação. E, mais à frente: "Não fizemos nada durante quatro anos, nada. Não podem citar uma única medida de que possamos orgulhar-nos, excepto o facto de termos saído da merda no fim [a vitória eleitoral]".
O povo saiu á rua e quase que houve uma revolução. Será que isso poderia ocorrer em Portugal ou conforme já foi dito o “povo é sereno”.
Voltando a citar outra pessoa (existente ou não):
“Algo vai mal no Reino da Dinamarca” William Shakespeare
E de Portugal acrescento eu.
Nota: Um amigo meu disse que o que tinha dito sobre os políticos de não visitarem os locais estava errado. No entanto só tenho algo a dizer. Não vi referido ou publicitado como normalmente costuma acontecer nas campanhas eleitorais. Mas para além do mais o que disse é verdade. Falta reuniões semestrais ou anuais com a população para saber o que está errado. Não basta ser séria como a mulher de César, é preciso parecer.
Cais do Jardim do Tabaco

Andando nela rede nós descobrimos textos que devem ser lidos.
Como este do Miguel Sousa Tavares, que passo a transcrever.
"Pois então, lá vamos outra vez. A distinta Administração do Porto de Lisboa (APL) está lançada em mais uma tentativa de nos roubar parte do Tejo. Agora é o projecto do novo terminal de passageiros de paquetes em Santa Apolónia. Um muro de construções de oito metros de altura por seiscentos de comprido (!), que inclui centros comerciais e hotel. Também na zona do Cais do Sodré está a nascer, a uma velocidade incrível, uma construção maciça, em cima do rio, e que vai quase até ao Terreiro do Paço, eliminando uma zona de jardim, de passeio e de vista. Suponho que seja também obra do porto de Lisboa, uma vez que nenhuma placa no local indica do que se trata e eu já sei que, à beira-rio, do Parque das Nações a Algés, mandam esses senhores e ninguém tem mão neles. Este porto de Lisboa é verdadeiramente um «case study» de pirataria impune. Têm ao seu dispor a melhor de todas as zonas da cidade de Lisboa: 13 quilómetros de frente de rio — um luxo em qualquer cidade do mundo. São terrenos do domínio público marítimo, isto é, terrenos públicos, cuja atribuição à APL tem como único fim e fundamento a sua alocação à actividade portuária. Mas como, devido ao triunfo do transporte por terra e por via aérea, grande parte desses terrenos se tornaram desnecessários para o porto de Lisboa, a APL, em lugar de os entregar à Câmara e à cidade, visto que deles já não precisa, insiste em entregá-los antes à especulação imobiliária, transformando-se a própria APL em promotor imobiliário. Sem ter de se sujeitar ao PDM da cidade, sem nada dizer à Câmara e sem se preocupar minimamente em saber se por acaso os lisboetas se importam de ver o rio entaipado. Já escrevi sobre isto inúmeras vezes e de cada vez parece que é necessário repetir a evidência: estas cíclicas tentativas da Administração do Porto de Lisboa de se comportar como dona do Tejo, sem dar satisfações a ninguém, são ilegais, escandalosamente abusivas e, de tão insistentes, já se começam a tornar suspeitas. Será que não há ninguém que consiga explicar aos senhores da APL que a sua única função é gerir o porto de Lisboa o melhor que souberem e puderem e nada mais? Claro que tudo isto se desmanchava em dois tempos com um presidente da Câmara à altura das responsabilidades. Mas quem viu Carmona Rodrigues, na inauguração do Túnel do Marquês, a fugir literalmente dos jornalistas, para não ter de responder a perguntas comprometedoras, percebeu definitivamente, se dúvidas ainda alimentasse, que Lisboa está sem presidente da Câmara. Carmona Rodrigues, não tenho uma dúvida, é um homem sério e bem intencionado: ele quer o melhor para Lisboa, só não sabe é o quê. Não tem dinheiro, não tem projectos, não tem ideias, não tem peso político próprio e nada mais deseja já do que escapar às perguntas, às questões, aos problemas. Não é o único culpado. Os primeiros culpados são aqueles lisboetas que confundem política com telenovelas e que resolveram, displicentemente, trocar o melhor presidente da Câmara que Lisboa teve nos últimos trinta anos — João Soares — por um vendedor de banha da cobra que, na primeira oportunidade, se pirou para melhor poiso e, assim que foi despedido por gritante incompetência, voltou à Câmara, para giboiar durante uns meses — como se aquilo fosse uma sinecura pessoal e não um lugar de trabalho. Santana Lopes deixou-nos a Câmara arruinada, os amigos por todo o lado, um casino para o sr. Stanley Ho, um imbróglio policial e urbanístico no Parque Mayer, uns negócios de favor com o Benfica e o Sporting e um túnel no Marquês que, ao fim de quatro anos de atraso, estreou-se incompleto, não se sabendo se é seguro e quanto terá custado ao certo. E foi tudo. Bem feito para os que votaram nele. O pior são os outros, que não têm nada a ver com isso. O segundo culpado é Carmona Rodrigues. Primeiro, viveu dois anos a fazer de número 2 de alguém que só existe como número único e a caucionar-lhe todos os disparates; depois, herdou-lhe subitamente a Câmara, com a promessa de que jamais voltaria, mas assim que ele voltou encaixou um “chega para lá!” humilhante sem um protesto; enfim, quando pôde concorrer como número 1 e sem a sombra abafante de Santana Lopes, Carmona não soube escolher a sua gente, não foi capaz de ter um plano de acção nem meia dúzia de projectos mobilizadores e nunca se mostrou à altura de uma vitória caída do céu e só tornada possível pela vaidade suicida do ‘embaixador’ Manuel Maria Carrilho. O terceiro culpado é o Partido Socialista, incapaz de perceber que a batalha pela Câmara de Lisboa e por uma gestão exemplar para a cidade podia ser uma luta política de referência e que se limitou antes a imaginar que só interessava ganhar a eleição — e que isso se conseguia com a beleza da Bárbara Guimarães e a esperteza saloia da inacreditável equipa autárquica que por lá tem, supostamente na oposição. Foi, sim, uma derrota política exemplar — das mais merecidas e pedagógicas de que me lembro. E passo por cima do desempenho do PCP e do PP na Câmara de Lisboa, apenas dizendo que nunca descortinei motivo para tão generosos elogios da nossa imprensa: nunca dei por que eles fizessem qualquer diferença. Em minha opinião, a CML e a cidade de Lisboa só têm um único rosto de alguém que ali está ao serviço dos munícipes, e é altura de lhe prestar homenagem: é, obviamente, José Sá Fernandes, do Bloco de Esquerda. Por favor, não me venham com aquele discurso «blasée» dos ‘pregadores’ do Bloco de ‘Esquerda’ e “já não há pachorra para os ouvir”: a política mede-se pelos resultados concretos para pessoas concretas, e nada melhor do que a política das cidades para medir esses resultados. A única pessoa na Câmara de Lisboa que eu tenho visto conhecer os assuntos, bater-se pelo bem comum, não ter medo de enfrentar os interesses instalados e os influentes que mandam na cidade e não cobiçar cargos e mordomias nas empresas municipais ou outros ‘tachos’ sempre ao dispor é José Sá Fernandes. A mim tanto me faz que seja do Bloco de Esquerda, do PP ou do Partido da Estratosfera. E não é por acaso que, mais uma vez, ele é o único a denunciar os novos planos de saque e rapina do porto de Lisboa. Que pena que não seja ele o presidente da Câmara neste momento e que a maior preocupação do actual presidente e da actual vereação seja a de saber quantos e quais vão ser constituídos arguidos naquele inenarrável desastre inventado para o Parque Mayer"
Existe também um blog especialmente destinado a que quiser saber o que a Administração do Porto de Lisboa está a pensar fazer no nosso rio.
Chama-se:
http://otejochora.blogspot.com/
Vale a pena.
Eleições autarquicas

Alfama e o seu desconhecimento
- De existir formas de apresentar Alfama aos seus turistas (portugueses e estrangeiros);
- Que os monumentos que existem em Alfama possam ser reconhecidos e descobertos quando algeum passe por eles. Exemplo: Podem perguntar ás pessoas de Alfama onde fica o Palácio Zurara, o Palácio Azevedo coutinho, o primeiro sinal de transito,a casa mais velha da cidade. Apesar de não ter dados cientificos cerca de 99% da população não sabe.
- Que as pessoas possam conhecer a história do bairro e porque as pessoas de Alfama são assim. Tudo temuma razão.
Tal situação deve-se ao facto da população ter poca informação sobtre o seu bairro. Mas também deve-se ao facto de que os monumentos de Alfama nunca foram divulgados.
Assim, penso ser necessário que os mesmos sejam divulgados de todas as formas possiveis. Pela internet e por placas colocadas junto dos mesmos. E em cada mapa que se faça de Alfama coloquem os monumentos mais importantes. E devemos chamar mais pessoas ao bairro através de actividades para que haja intyerligação entre as pessoas do bairro e as de fora.
Assim, Alfama vale a pena.
Cais do jardim do Tabaco II
- Melhorar as condições de recepção de navios de cruzeiro;
- Permitir a reorganização espacial do porto de Lisboa, "disponibilizando a área dos actuais terminais de Alcântara e Rocha do Conde d´Óbidos para a operação de contentores";
- Melhorar a integração urbana, "concentrando os navios de cruzeiros numa zona nobre da cidade".
A construção do terminal de cruzeiros de Santa Apolónia está dividida em três fases e representa um investimento global de 45 milhões de euros, que conta com uma comparticipação comunitária de 40 por cento. Trabalhos a realizar. Esta primeira empreitada diz respeito aos trabalhos de reabilitação do actual cais entre o terminal de cruzeiros de Santa Apolónia e a Doca da Marinha, bem como à construção de uma nova estrutura avançada, permitindo maiores fundos, adequados à acostagem dos actuais navios de cruzeiros. O novo cais acostável terá na sua frente de rio o coroamento à cota +5,70 m(ZH), garantindo uma solução de continuidade a partir do actual cais de Santa Apolónia ao qual ficará ligado quando a obra estiver concluída. Desta forma, os trabalhos da empreitada implicam a dragagem geral da bacia de manobra e estacionamento, o melhoramento dos solos de fundação mediante a execução de colunas de brita, bem como a reconstrução dos prismas de enrocamento e dos aterros no tardoz do cais existente, o reforço do maciço da superstrutura do cais existente com execução de pregagens e selagem de fendas, bem como a execução dos maciços de encabeçamento das estacas, colocação das pré-vigas, montagem das pré-lajes e betonagem complementar. Com um prazo de execução de 12 meses, a empreitada inclui ainda a construção de um novo cais do tipo estacada de betão armado, com 200 m de comprimento e largura variável entre os 33 e os 46 m. Os trabalhos de infra-estruturas técnicas e apetrechamentos dos cais compreendem a execução das redes de abastecimento de água, electricidade e drenagem de águas pluviais, bem como a ligação às águas existentes. Numa fase posterior serão construídas uma nova gare marítima, uma unidade hoteleira, um espaço comercial e silos para estacionamento de automóveis. Toda a envolvente da gare marítima será requalificada e serão criadas novas acessibilidades viárias e pedonais."
Cais do jardim do Tabaco

Património e sociedade maltratada.
Foi, parte dela e nos primeiros tempos, a origem da actual cidade de Lisboa. Foi bairro de Reis, condes, Duques. foi morada do Chanceler-Mor. Foi o centro da nossa capital.
Antenas e parabólicas

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