Alfama

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Cais do Jardim do Tabaco III

Em 20 de Abril de 2007 saiu esta noticia no jornal "Público":
«O projecto do Porto de Lisboa, que pretende concentrar os cruzeiros numa zona nobre da cidade, custa 45 milhões de euros e vai ter um financiamento comunitário de 40%. O Porto de Lisboa, que em 2007 espera receber mais de 300 mil passageiros de navios de cruzeiros, é o sexto em toda a Península Ibérica que mais visitantes atrai, captando 14 por cento do volume de passageiros dos dois países. Com o novo terminal, o objectivo é tornar o porto uma referência nas rotas turísticas internacionais. a O terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, em Lisboa, que representa um investimento de 45 milhões de euros a concluir até ao Verão de 2010, vai integrar, além da gare marítima, um hotel com dois pisos, uma área de escritórios, zonas comerciais e estacionamento. A secretária de Estado dos Transportes sublinhou que esta obra, cuja primeira fase foi ontem consignada a um consórcio formado pelas empresas Somague e Seth, vai "beneficiar as condições de recepção de navios de cruzeiros", concentrando o tráfego "numa zona nobre da cidade". O projecto, acrescentou Ana Paula Vitorino, pretende também "permitir a reorganização espacial do Porto de Lisboa, disponibilizando a área dos actuais terminais de Alcântara e Rocha do Conde d"Óbidos para a operação de contentores". O segundo trimestre de 2008 é o período avançado pela Administração do Porto de Lisboa (APL) para a conclusão da obra de "reabilitação e construção do primeiro alinhamento de cais", que está orçada em 13,6 milhões de euros. Numa segunda fase, que deverá prolongar-se até ao terceiro trimestre de 2009, vai decorrer a "reabilitação e construção do segundo alinhamento de cais e tratamento e consolidação dos lodos e aterro da doca", com um custo de 24 milhões de euros. Só numa terceira fase arrancará a "construção da nova gare marítima, acessibilidades e envolvente", obra que segundo o vogal do conselho de administração da APL se pretende que seja "autofinanciável", através do investimento dos comerciantes que aqui vão instalar os seus negócios. Nessa altura, sublinhou Daniel Esaguy, ficará concentrada num só local toda a actividade dos navios de cruzeiros, actualmente dispersa entre Santa Apolónia, Alcântara e a Rocha do Conde d"Óbidos.O novo terminal de cruzeiros, que foi apresentado pelo responsável pela divisão de arquitectura e urbanismo da APL, vai incorporar o actual cais de Santa Apolónia e toda a frente de acostagem até à Doca da Marinha, implicando o fecho da Doca do Terreiro do Trigo. O projecto da gare marítima, explicou Rui Alexandre, da APL, integra dois edifícios cilíndricos "com uma certa transparência", nos quais existirão estruturas móveis através das quais se faz o acesso aos navios. Vai também ser construído um hotel, com dois pisos e uma área de 7800 metros quadrados, que vai ter um acesso directo à gare marítima, que ocupa uma área de 11 mil metros quadrados. O projecto contempla ainda áreas comerciais, escritórios, estacionamento para 1065 viaturas, incluindo autocarros e táxis, e uma ponte pedonal que vai fazer a ligação "entre o lado mais urbano e a zona portuária", como explicou Rui Alexandre. O presidente do conselho de administração da APL, Manuel Frasquilho, acrescentou que este empreendimento, que tem um financiamento comunitário de 40 por cento, vai "permitir o início da recuperação de uma área relativamente degradada da zona ribeirinha da cidade e da consolidação das suas acessibilidades".»
De tudo o que li, concordo que a zona ribeirinha deve ser recuperada. No entanto, não concordo com o hotel, com a zona comercial, pois tal situação não vem melhorar as zonas limítrofes mas acabar com o negócio. Por outro lado fazer, dois edifícios cilíndricos "com uma certa transparência", nos quais existirão estruturas móveis através das quais se faz o acesso aos navios não parece normal na zona mais antiga da cidade de Lisboa. Todos criticaram o Centro Cultural de Belém demasiado moderno para estar ao pé dos Jerónimos. E neste caso?
Não é ainda mais antagónico?
Será muito difícil para além do parque de estacionamento para os habitantes de Alfama e do Cais de desembarque, fazer um espaço verde junto á beira rio, para toda a população?
Até se podia colocar esplanadas. Nesse espaço é necessário mais espaço de lazer e menos espaço comercial. Qualquer dia os portugueses não sabem o que é um espaço para descansar, mas apenas vão conhecer os espaços de consumo.
Não existe necessidade de confundir os espaços de lazer com espaços de consumo.

Mas esperemos que não seja mais um dos projectos que a população não pode dizer nada e que seja apresentado como projecto final.
É por isso que Portugal é conhecido como o país exemplo em como não usar o dinheiro da União Europeia. Eles até já têm um dossier sobre nós que entregam aos estados que aderem à união. Nisso somos os primeiros.
Por outro lado, existe algo que deve ser chamado a atenção. segundo o vogal da APL a "construção da nova gare marítima, acessibilidades e envolvente", pretende que seja "autofinanciável", através do investimento dos comerciantes que aqui vão instalar os seus negócios. Mas refere-se que existe um financiamento comunitário de 40%. Assim, não pretende que seja uma obra autofinaciada, mas uma obra com lucro para o APL. Será que a população de Lisboa e do país não concordava que os meus impostos não se dirigissem para determinado tipo de obras e de compras e que se possa dirigir para um sitio que seria de lazer a quem se dirigisse a Lisboa?
Por outro lado, a missão da APL é de "prestação de um serviço multifuncional de base portuária orientada para os Clientes, segundo princípios de racionalidade operacional e económico-financeira, de eficácia social e ambiental e de acordo com as melhores práticas de Segurança marítima e patrimonial". Não parece que em algum lugar se refira a preparação e espaços comerciais ou hoteleiros e a missão de arrendar o espaço que foi, pelo Artº 7º do Decreto-Lei 336/98 de 3 de Novembro, conferido à APL.

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